sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Monte Branco — o “teto” da Europa

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DESDE criança, o naturalista suíço Horace-Bénédict de Saussure (1740-1799) era fascinado pelo imponente maciço conhecido hoje como Monte Branco (Mont Blanc, em francês). Impressionado pela inacessibilidade desse gigante dos Alpes, ele ofereceu um prêmio para o primeiro alpinista que conseguisse chegar ao ponto mais elevado — a 4.807 metros de altura. Os primeiros esforços organizados nesse sentido foram feitos em 1741. Mas foi só em agosto de 1786 que o cume do maciço, o próprio Monte Branco, foi alcançado por dois moradores da cidade de Chamonix, França. Chamavam-se Jacques Balmat, um garimpeiro de cristais, e Michel-Gabriel Paccard, que era médico. No ano seguinte, Saussure chegou ao ponto mais alto da Europa com uma expedição científica e, em 1788, escalou o Col du Géant e ficou ali por 17 dias. Essas foram as primeiras façanhas do alpinismo como modalidade esportiva de que se tem registro.
Em 1855, uma equipe liderada por guias italianos conquistou outro lado do Monte Branco, mais desafiador que o primeiro. Apenas nove anos depois, o pico foi alcançado pelo lado italiano. Esses primeiros aventureiros corajosos escalaram sem equipamentos modernos, usando apenas bastões com ponta de ferro. O geógrafo Giotto Dainelli disse que, naquela época, “a conquista de um pico, partindo da base da montanha e seguindo rotas totalmente desconhecidas, exigia preparação física e fibra moral que os alpinistas atuais talvez nem consigam imaginar”. Hoje, até mesmo os cantos mais remotos desse maciço foram alcançados várias vezes.

No passado, o Monte Branco era considerado uma região inexplorada, apesar de estar localizado bem no centro da Europa. O primeiro documento conhecido a identificá-lo data de 1088 EC. Uma planta de localização que pertencia a monges beneditinos de Chamonix o chama de rupes alba, que significa “montanha branca”. Por séculos, porém, as pessoas da região o chamavam de Montanha Amaldiçoada por causa dos dragões e demônios lendários que se dizia habitarem ali. Parece que o nome Monte Branco apareceu pela primeira vez numa figura em 1744, mostrando que sua reputação logo deixaria de ser sinistra.

Visto de longe

Apenas de avião é possível ver o inteiro maciço do Monte Branco. Ele cobre uma área de cerca de 600 quilômetros quadrados, sua área mais elevada tem uns 50 quilômetros de comprimento — que separa Itália, França e Suíça — e tem vários picos com mais de 4 mil metros de altura. O maciço é composto de granito e xisto cristalino, que foram formados no fundo da crosta terrestre. Geólogos o consideram uma cadeia montanhosa jovem, de “apenas” 350 milhões de anos. Agentes atmosféricos e geleiras modificaram a rocha granítica, que hoje apresenta rachaduras, topos pontiagudos, picos e pináculos de uma beleza incomparável e extremamente interessantes para os alpinistas.

Visto de perto

Mesmo quem não é alpinista profissional pode ver de perto a parte central do maciço usando o teleférico, que começou a funcionar em 1958. O ponto mais alto alcançado pelo teleférico é o Aiguille du Midi, que fica 3.842 metros acima do nível do mar e oferece uma incrível vista panorâmica do Vale Chamonix.
Hoje, do ponto de vista topográfico, o Monte Branco não esconde mais nenhum segredo. Ele oferece um lindo espetáculo, principalmente ao amanhecer e ao anoitecer, quando os raios solares pincelam os lados rochosos do “teto” da Europa com todos os tons de vermelho, conferindo ao seu granito um aspecto flamejante.

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