A Praça-forte de Almeida localiza-se na vila, Freguesia e Concelho de mesmo nome, no Distrito da Guarda, em Portugal.
A
par com a Praça-forte de Valença e com a Praça-forte de Elvas, esta é
considerada como a mais monumental das praças do país. Confrontava-se
com o Real Fuerte de la Concepción, no lado oposto da fronteira.
Da Guerra da Restauração aos nossos dias
A
actual estrutura remonta ao século XVII, no contexto da Restauração da
independência, quando, revalorizada a sua posição estratégica, foi
transformada em uma poderosa Praça-forte. Iniciadas em 1641 pelo
Governador das Armas da Província da Beira, Álvaro Abranches, as suas
obras monumentais só estariam concluídas no final do século XVIII com o
Conde de Lippe.
Estrutura
chave durante os repetidos conflitos sucessórios no século XVIII, no
contexto da Guerra Peninsular foi entregue por ordem governamental ao
exército napoleónico sob o comando do General Jean-Andoche Junot em fins
de 1807. Devolvida ao domínio de Portugal, foi novamente cercada por
tropas francesas, agora sob o comando do general André Masséna (agosto
de 1810). Sob o fogo da artilharia inimiga, o paiol de pólvora explodiu
arrasando o velho castelo medieval e parte da vila, matando e ferindo
mais de quinhentas pessoas. As brechas abertas nas muralhas pelo impacto
da explosão forçaram capitulação da praça que passou a ser guarnecida
pelos franceses. Poucos meses mais tarde, sofreria novo sítio, agora por
tropas inglesas. Acuados, os defensores franceses conseguiram se
retirar, explodindo a praça atrás de si.
No século XIX, durante o período das Guerras Liberais (1832-1834), mais uma vez a Praça-forte de Almeida
foi palco de confrontos pela sua posse, que se alternou entre
Absolutistas e Liberais, tendo as suas casamatas servido como prisão
para mil e quinhentos prisioneiros políticos.
No
século XX, apenas em 1927 é que a fortaleza deixou, definitivamente, de
exercer funções militares. O conjunto encontra-se classificado como
Monumento Nacional pelos Decretos 14.985, publicado em 3 de fevereiro de
1928, e 28.536, publicado em 22 de março de 1938.
Bem
conservados, os seus baluartes remanescentes, podem ser vistos na
actualidade, destacando-se no interior da praça: o Quartel das
Esquadras, os alicerces do antigo castelo, a Pousada, a Casa da Roda e o
edifício dos Paços do Concelho, antigo Quartel da Artilharia. Almeida
goza do estatuto de Aldeia Histórica de Portugal.
Características
A
fortificação, em estilo Vauban, apresenta planta no formato estrelado
irregular, com seis baluartes intercalados por seis cortinas com
revelins, num perímetro abaluartado que atinge dois mil e quinhentos
metros (650.000 m² de superfície). Destacam-se:
- Baluarte de São Pedro;
- Baluarte da Bandeira;
- Baluarte de Nossa Senhora das Brotas - também conhecido como Baluarte do Trem por ter abrigado o edifício do Trem de Artilharia, atual Picadeiro d’El-Rey, uma escola hípica;
- Baluarte de Santa Bárbara - também conhecido como Praça Alta por sua posição elevada, onde subsistem os vestigios da antiga Capela de Santa Bárbara;
- Baluarte de São João de Deus; e
- Baluarte de São Francisco.
São acessíveis pelos fossos:
- Revelim da Cruz;
- Revelim da Brecha;
- Revelim de Santo António;
- Revelim do Paiol;
- Revelim Doble e
- Revelim dos Amores.
O
acesso à Praça faz-se por duas portas duplas, acedidas por pontes de
alvenaria, defendidas por revelins, abertas em túnel, com abóbadas à
prova de bomba, encimadas pelas armas reais:
- Portas de Santo António - rasgadas a Norte;
- Portas de São Francisco - também conhecidas como Portas da Cruz.
Destacam-se ainda:
- Portas Falsas - dissimuladas, acedem galerias subterrâneas da fortificação, permitindo a ligação entre a Praça e os fossos.
- Quartel das Esquadras - erguido pelo Conde de Lippe, serviu como o antigo Quartel de Infantaria. Apresenta um escudo com as armas reais e deveria servir como modelo para a construção de outros quartéis nas Praças-fortes portuguesas.
- Casamatas - espaços construídos à prova das bombas do século XVIII, ocupavam uma ampla área subterrânea, dividida em vinte salas e corredores.
Essas
defesas são complementadas por canhoneiras, plataformas, e flancos de
bastiões. As muralhas são revestidas de cantaria e cercadas por fossos
(doze metros de profundidade com dez de largura mínima e sessenta e dois
de máxima) e caminhos cobertos. Uma Praça de Armas, esplanadas,
quartéis para tropas, paióis, depósitos, e oficinas completam o conjunto
monumental.
O Castelo de Almeida localiza-se na vila, Freguesia e Concelho de mesmo nome, no Distrito da Guarda, em Portugal.
Integrante
da chamada Linha do Tejo, fronteira do reino de Portugal ao se encerrar
o século XIII, tinha como função o povoamento e defesa das terras de
Ribacôa. Atualmente os remanescentes do castelo medieval integram as
defesas da Praça-forte de Almeida, povoação que goza do estatuto de
Aldeia Histórica.
História
Antecedentes
A
ocupação humana de seu sítio remonta a um castro pré-histórico,
sucedido sucessivamente pelos romanos, pelos Suevos, pelos Visigodos e
pelos Muçulmanos, estes últimos responsáveis pelo primitivo castelo. A
povoação então existente denominava-se Talmeyda (mesa em árabe),
exprimindo a topografia da sua implantação, em constaste com a serra da
Marofa, ao fundo, que na mesma língua significava "guia".
O castelo medieval
À
época da Reconquista cristã da península Ibérica, a povoação e seu
castelo foram conquistadas pelas forças do reino de Leão, reconquistadas
pelos muçulmanos e, finalmente, pelas forças de Portugal.
Integrante
do território de Ribacôa, disputado a Leão por D. Dinis (1279-1325), a
sua posse definitiva para Portugal foi assegurada pelo Tratado de
Alcanices (1297). O soberano, a partir de então, procurou consolidar-lhe
as fronteiras, fazendo reedificar o Castelo de Alfaiates, o Castelo de Almeida,
o Castelo Bom, o Castelo Melhor, o Castelo Mendo, o Castelo Rodrigo, o
Castelo de Pinhel, o Castelo do Sabugal e o Castelo de Vilar Maior.
Deste
modo, iniciaram-se os trabalhos de reconstrução do primitivo castelo e
de uma cerca para a vila, obras que se renovaram durante o reinado de D.
Fernando (1367-83), que desta vila pretendeu assaltar Castela.
No contexto da Crise de 1383-1385, a vila e o seu castelo foram conquistados pelas forças de D. João I (1383-1433).
Mais
tarde, sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521) a linha de muralhas foi
duplicada, estando associado a essas obras o nome de Mateus Fernandes,
arquitecto do Mosteiro da Batalha. A povoação e seu castelo encontram-se
figurados por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509). Era seu
alcaide, à época (1496-1512), o marquês de Vila Real.
Da Guerra da Restauração aos nossos dias
No
contexto da Guerra da Restauração da Independência, a povoação e seu
antigo castelo foram revalorizadas por sua posição estratégica
fronteiriça. Receberam a partir de então extensos trabalhos de
modernização, com estruturas abaluartadas, que as transformaram em uma
monumental Praça-forte.
À
época da Guerra Peninsular, a praça foi cercada por tropas francesas
sob o comando do general André Masséna (Agosto de 1810). Na ocasião, sob
o fogo da artilharia inimiga, o paiol de pólvora explodiu, arrasando o
castelo medieval e parte da vila, matando e ferindo mais de 500 pessoas.
As brechas abertas nas muralhas pelo impacto da explosão forçaram
capitulação da praça que passou a ser guarnecida pelos franceses. Poucos
meses mais tarde, sofreu novo sítio, agora por tropas inglesas.
Acuados, os defensores franceses conseguiram se retirar, explodindo a
praça atrás de si, o que causou extensos danos.
O conjunto encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 3 de Fevereiro de 1928.
Os
recentes trabalhos de prospecção arqueológica colocaram a descoberto
não apenas trechos das antigas muralhas, como também do primitivo fosso
que as envolvia.
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