terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Portugal: Castelo Velho de Freixo de Numão

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"Em vias de classificação" desde 1998, o sítio de "Castelo Velho de Freixo de Numão" foi primeiramente pesquisado nos inícios dos anos oitenta pela coordenadora das escavações conduzidas no local desde 1989, a Professora Susana de Oliveira Jorge, no âmbito de uma vasta campanha de prospecção realizada na região de Freixo de Numão, a fim de avaliar o seu potencial arqueológico e definir, em conformidade, as estações arqueológicas a merecerem uma abordagem científica mais sistemática e profunda. E, desde logo, o "Castelo Velho" revelou inúmeros indícios daquele que se assumiria como um dos povoados mais importantes do Noroeste peninsular, dotado de um excelente domínio sobre a paisagem envolvente e de boas condições naturais de defesa.

Até ao momento ainda não foram encontrados quaisquer indícios que pressupusessem uma permanência humana no cimo do esporão xistoso de Castelo Velho, sobranceiro ao rio Vale da Vila de forma bastante destacada na paisagem, antes do terceiro milénio a. C., altura em que terá sido assistido a uma primeira ocupação de carácter efémero, ainda que suficientemente estável para que fossem erguidas estruturas de carácter doméstico, como denunciam os buracos de poste, as lareiras e fragmentos cerâmicos, ao mesmo tempo que se edificou um torreão, utilizado até, sensivelmente, 1300 a. C., numa inequívoca demonstração da sua pertinênia construtiva.

Uma segunda fase construtiva terá ocorrido entre 2900 a. C. e os inícios do segundo milénio a. C., abrangendo a emergência, no local mais elevado do esporão, de um "monumento" de planta subelíptica delimitado por murete e complementado, a Sul, por um recinto subcircular, a par de uma plataforma intermédia circundada por uma rampa ou talude, com átrio, na mesma altura em que se ergueram algumas cabanas. Destes elementos, será, certamente, o interior do denominado "avançado" que concentra mais o interesse dos especialistas, em face das suas características arquitectónicas únicas e das discussões matidas em torno da sua real função. Usufruindo, na origem, de sete pontos de entrada, é no interior que se apruma a base pétrea de uma torre associada a quatro outras estruturas, mais ou menos, equidistantes, enquanto foram adossados, ao exterior, um bastião, uma estrutura subrectangular e muretes de contenção. Deste segundo período foram encontrados inúmeros fragmentos de vasos cerâmicos enquadráveis nas formas tradicionais do terceiro milénio a. C. desta região do Norte do actual território português. A par destes elementos, foram recolhidos, entre outros artefactos, dormentes e moventes graníticos, pontas de seta e pesos de tear, para além de objectos de cobre e um de ouro, contas de colar e elementos de adorno.

Quanto à terceira fase construtiva, ela decorreu entre os inícios do segundo milénio a. C. e 1300 a. C., ainda que as anteriores estruturas continuassem a ser amplamente fruídas, enquanto se reconstruia a rampa e se erguiam estruturas perecíveis, para citarmos apenas algumas das modificações então conduzidas. Quanto ao espólio encontrado, ele é essencialmente constituído por vasos cerâmicos, na superfície dos quais, a par dos elementos decorativos "penteados", surgem os "cordões" e os "medalhões", bem como exemplares decorativos Cogeces.

Susana Oliveira Jorge interpreta "Castelo Velho", não como um povoado fortificado, mas enquanto um recinto murado, atendendo, sobretudo, à pouca relevância que a sua utilização defensiva deteria. Pelo menos até à terceira fase construtiva, quando parece assomar uma verdadeira intenção de, "[...] não só dificultar o acesso ao interior do recinto, como de monumentalizar as estruturas envolventes, nomeadamente o "avançado" e a segunda rampa/talude.", até que ocorreu a petrificação da zona "monumental", na quarta fase construtiva.

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