Um artista irlandês para expressar a sua revolta contra os mercados imobiliários, criou uma casa do zero, imagine só, construída com notas... No total o artista gastou mais de 1 bilião de Euros de notas fora de circulação. Mas na realidade esta pode muito bem ser a casa mais valiosa do mundo, uma vez que os seus tijolos são feitos com notas enroladas.
A casa foi construída na Glass House, um edifício de escritórios vazio que se converteu em uma relíquia do estouro da bolha imobiliária irlandesa. No lobby, uma senhora entrega um maço de notas a uma menina de 15 anos.
"Vá e compre umas balas e doces para você", diz a senhora, enquanto entrega à jovem um bloco de 50 mil euros.
"Eu devia ter trazido a minha bolsa para cá – faria uma fortuna."
Buckley convida espectadores para dentro de sua casa na esperança de suscitar um debate sobre a dívida irlandesa e sobre o significado da moeda.
Como tantos outros de seus amigos e conhecidos, Buckley foi vítima da crise. No auge da bolha especulativa, com a ajuda de crédito barato, o artista comprou uma casa.
Queria se mudar para a nova residência com seus dois filhos e a esposa, que havia acabado de se mudar do Zimbábue com outros quatro filhos seus.
"Pedi muito dinheiro emprestado, o que foi incentivado. Assumo a responsabilidade, mas foi muito fácil tomar o empréstimo", conta.
"Estávamos no meio dessa bolha, a confiança estava alta, éramos intocáveis e no espaço de duas ou três semanas veio a conta."
Originalmente construída como galeria, a casa é hoje completamente funcional. Tem sala de estar, quarto e banheiro, com uma banheira que lançará notas de dinheiro.
Por fora, a casa é de tijolo amontoado e madeira doada por uma loja de material de construção da região.
As notas de euro são usadas como reboco para as paredes internas e o chão. Buckley diz que elas se revelaram um bom isolante térmico, de forma que a casa precisa de pouco aquecimento.
A casa tem móveis e, no futuro, deve receber microondas, fogão, máquina de lavar pratos e outros electrodomésticos. Tudo para o conforto de Buckley, que mora no local durante a semana, retornando para seu pequeno galpão no quintal da família no fim de semana.
Desde que foi aberta ao público, na segunda-feira, a casa já recebeu mais de 300 visitantes. Mas apesar do sucesso, Buckley diz que uma instalação sobre a crise económica irlandesa tem um lado triste.
Ele lembra a reacção de uma jovem visitante diante de um bloco de notas fora de circulação. "Se eu pudesse usar esse dinheiro, sairia do país", ela disse. E para Buckley, "isso é muito triste".
BBC
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