Enquadramento
Urbano, destacado, isolado, implantado junto à orla marítima, entre o Forte do Areeiro e a Feitoria.
Descrição
De
planta pentagonal irregular, o edifício apresenta volumetria escalonada
sendo a cobertura efectuada por terraço. Alçado principal (a N.) vazado
a eixo por portal de verga recta e emolduramento simples de cantaria.
No perímetro murado da construção, na face virada a S., a abertura de 9
canhoneiras, distribuídas pelos diferentes alçados (4 no lado orientado a
SO., 4 no lado orientado a SE., e 1 do lado O.). Na parte virada a S., 3
guaritas - de planta circular e cobertura cónica - coincidentes com os
vértices da estrutura murária. No INTERIOR distingue-se incorporada uma
outra estrutura de planta trapezoidal, em plano altimétrico dominante:
definida por muros animados por guaritas é servida do lado N. (adossado à
face interna do alçado principal) por compartimentos rectangulares
destinados a serviços de apoio. Voltado a S. edifício de 2 pisos, de
planta rectangular, volumetria paralelepipédica e cobertura efectuada
por telhado a 4 águas.
Época Construção
Séc. 18
Cronologia
1762
- construção de uma bateria composta por parapeito de alvenaria, entre a
Feitoria e o Forte de Santo Amaro ou do Areeiro, tendo por finalidade o
reforço das defesas da fortaleza de São Julião da Barra,
construindo-se, poucos anos mais tarde, um muro de pedra e cal que
fechou o recinto; 1763, Jan. - visita do Tesoureiro-Geral da Marinha ao
então designado Forte Novo das Mercês, costatando-se que o mesmo se
encontrava artilhado com 9 bocas de fogo (7 de ferro de calibre 24 e 2
de bronze de calibre 40) e a sua guarnição sob o comando do Capitão
Sebastião Pereira de Mesquita; 1777 - o forte, apesar de artilhado (com
10 peças) e municiado (com 276 balas), encontrava-se entregue a uma
família de paisanos que o habitava, para fins de conservação e guarda,
nessa data ainda a fortificação era aberta pelo lado de terra; 1793 -
obras de conservação; 1796 - o forte encontrava-se então artilhado com
10 bocas de fogo (de calibre 24); 1804 - a guarnição do forte era de 2
cabos e 13 soldados; 1805 - o forte estava artilhado com 11 bocas de
fogo (de calibre 24) e guarnecido com 2 cabos de esquadra e 16 soldados
de Pé de Castelo; 1824 - o forte era governado pelo tenente-coronel
Pedro José Botelho de Gouveia (tendo-se mantido artilhado e quase sempre
guarnecido, mesmo após a Guerra Peninsular, ao contrário do verificado
com a maioria das fortificações costeiras); 1824, Set. a Dez. - o
governo do forte é confiado ao tenente-coronel José Inácio Tinoco de
Sande Vasconcelos; 1825 - nomeação do tenente-coronel das Companhias
Provisórias de Angola Luís António de Mendonça como governador do forte;
1831 - encontrava-se o forte artilhado com 6 bocas de fogo (de calibre
36) e guarnecido por 1 sargento, 1 cabo e 20 soldados de artilharia,
tendo-se procedido a disparos por ocasião do ataque da esquadra francesa
do almirante Roussin, os quais constituiram, ao que parece, a única
acção bélica efectuada pela fortificação de Catalazete; no final desse
ano o forte é reedificado; 1832 - o forte (artilhado com 10 bocas de
fogo) estava sob o comando do major José Joaquim de Santana; 1833 - não
tendo tomado partido por nenhuma das facções (absolutista ou liberal),
durante a Guerra Civil, o forte é evacuado pela sua guarnição; 1851 -
apesar de nominalmente sob o comando do tenente-coronel Pedro Celestino
de Barros, o forte encontra-se com efeito desactivado, em mau estado de
conservação e apenas habitado por um soldado veterano; 1856 - apesar do
estado de ruína em que se encontrava o forte (cuja reparação é então
orçada em 1 conto de reis) o major José Maria Guedes Trinité é nomeado
seu governador; 1872 - ocupava o cargo de governador do forte o capitão
reformado Barão de Sabroso; 1888, Out. - celebração de um contrato de
arrendamento do forte ao Conselheiro João José Mendonça Cortês (pela
quantia de 30$000 reis anuais e por um período de 9 anos), conhecido por
João das Máquinas (pela sua dedicação aos inventos mecânicos), o qual
transforma a antiga fortificação em sua residência e de sua esposa D.
Elisa de Miranda Pereira de Meneses (filha dos viscondes de Meneses);
1897 - no seguimento de demanda judicial por não pagamento do aluguer,
João José Mendonça Cortês é obrigado a abandonar o forte; 1899 / 1910 - é
nomeado governador do forte o major reformado José Joaquim da Costa
Bento; 1937 - no forte residiam várias famílias do pessoal da Direcção
do Serviço de Obras e Propriedades Militares; 1941 - o ciclone de
Fevereiro deste ano danifica consideravelmente a antiga fortificação;
1942 - por ocasião da abertura da avenida marginal e afim de que o forte
fosse restaurado no âmbito do arranjo paisagístico da orla marítima as
autoridades militares entregam-no ao Ministério das Finanças, que o cede
seguidamente à Junta Autónoma das Estradas; 1952 - apesar de cedido à
Brigada Naval da Legião Portuguesa (para ampliação da Colónia de Férias
Dr. Pedro Teotónio Pereira), o forte permanece como residência de
famílias do pessoal da Direcção do Serviço de Obras e Propriedades
Militares, cujo processo de despejo se arrasta; 1954 - a Legião
Portuguesa desiste de tomar posse do forte, devolvendo-o ao Ministério
das Finanças; 1955 - conclui-se finalmente o processo de despejo dos
residentes no forte e inicia-se uma campanha de obras de restauro; 1958 -
o forte é entregue, como Colónia de Férias, à Mocidade Portuguesa;
1959, 17 Janeiro - inauguração das obras de adaptação do forte a
pousada; 1973 - o antigo forte (convertido em colónia de férias) é
entregue ao Secretariado para a juventude; 1977 - a antiga fortificação é
entregue à Associação Portuguesa de Pousadas de Juventude.
Tipologia
Arquitectura militar, setecentista. Forte costeiro.
Dados Técnicos
Paredes autoportantes
Materiais
Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira.
Autor e Data: Teresa Vale e Maria Ferreira 1999 – Monumentos.pt
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