segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Será Deus caro demais?

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ANUALMENTE, na Alemanha, 40.000 protestantes e 23.000 católico-romanos se afastam oficialmente de suas igrejas. Por quê? Segundo o semanário ilustrado alemão, Stern (Estrela), de 6 de agosto de 1968, “muitos alemães deixam a sua igreja para não pagarem o imposto para a igreja”. “Deus é caro demais”, conclui Stern.
O próprio fato de que o governo da Alemanha Ocidental serve de coletoria para as Igrejas Luterana e Católica Romana talvez seja novidade para muitos. Segundo esta notícia, o governo da Alemanha Ocidental recolhe cada ano para estas duas igrejas 4.000 milhões de marcos ou cerca de 4 bilhões de cruzeiros novos.
Para o membro de renda média duma igreja, o recolhimento é de 1,6 por cento, mas, para o milionário, é de 3,2 por cento. Como a maioria dos impostos, o imposto para a igreja é “progressivo”, isto é, os ricos não só pagam mais, mas também pagam mais proporcionalmente. Na atualidade, um advogado de um contribuinte rico questiona nos tribunais da Alemanha Ocidental a legalidade deste imposto.

É desnecessário dizer que as igrejas estão muito apreensivas quanto ao resultado desta ação legal, pois o imposto para a igreja tem sido lucrativa fonte de renda. Com efeito, as igrejas que se beneficiam deste imposto jamais tiveram melhor situação financeira. Por causa deste imposto, puderam construir todo tipo de edifícios de igreja, muitos do tipo ultramoderno que tiveram mais êxito em atrair turistas do que em recuperar adoradores. O dinheiro recebido do imposto para a igreja é também usado para construir outros tipos de edifícios, tais como centros de recreação, hospitais, e asilos para pessoas idosas. Algumas autoridades, contudo, não vêem com bons olhos tal uso dos fundos da igreja. Por causa deste imposto, e a prosperidade que a Alemanha Ocidental tem gozado nos anos recentes, afirma-se que as igrejas têm realizado mais construções desde 1945 do que nos 400 anos anteriores!
Porque o imposto para a igreja atinge os ricos de forma especialmente dura, vários membros abastados solicitaram que seu índice do imposto para a igreja fosse reduzido. Certo chanceler duma igreja se jactava de que, embora cada vez maior número de seus membros abastados tenham solicitado isto, ele se recusou sempre a fazê-lo. No entanto, é provável que constitua a exceção. Parece que a tendência é transigir quanto a isto, reduzindo o índice de imposto para a renda anual superior, digamos, a 70.000 marcos. Naturalmente, tais concessões não são públicas.
Entre os muitos milhares que abandonaram oficialmente sua igreja na Alemanha Ocidental se encontram alguns de seus mais ricos e mais proeminentes financistas e comerciantes. Recente enquête revelou que se o Estado não mais recolhesse o imposto para as igrejas, 20 por cento dos alemães que agora o pagam deixariam de apoiar financeiramente sua igreja. Na Alemanha Oriental, o governo comunista jamais recolheu este imposto para a igreja.
Alguns dos clérigos da Alemanha Ocidental nutrem fortes sentimentos sobre esta questão financeira. Parecem seguir Martinho Lutero, o reformador. Stern cita Lutero como reprovando severamente seus paroquianos em certa ocasião, por sua relutância em contribuírem dinheiro. Até mesmo avisou-lhes de que, se não mudassem de atitude, não mais pregaria a eles, justificando-se por declarar que Jesus dissera que seus seguidores não deviam lançar pérolas aos porcos. — Mat. 7:6.
Muitos cristãos professos em outros países também parecem ter a atitude mental de que Deus é caro demais. Assim, o Times de Nova Iorque, de 18 de outubro de 1968, noticiou que a maioria das denominações protestantes nos EUA enfrentam problemas financeiros devido a decrescentes contribuições de seus membros. Quão fortes sentimentos alguns clérigos nutrem sobre a situação se torna evidente da carta que um clérigo luterano em Sedalia, Missouri, enviou a seus paroquianos em setembro de 1968:
“Estou desapontado, desgostoso, cheio, extremamente transtornado e muito irado. Estou irado com a sua acolhida de Jesus Cristo. . . . Quando olho para o rol de membros . . . vejo uma porção de gente falsa. . . . Se realmente crêem em Sua Igreja, o seu Conselho Eclesiástico não teria que pedir emprestado $ 1,000 (NCr$ 4.000,00) no outro dia. . . . Ouço suas desculpas esfarrapadas. Puxa vida, como cheiram mal! . . . Tendo 300 ‘crentes’ batizados, deveríamos ter nada menos do que 200 na Igreja em cada dia do Senhor. Há diversas semanas atrás, tínhamos 40 na Igreja. Que espécie de palhaçada é esta . . . Por que aderiram a esta igreja, então?”
De acordo com Stern, Deus é caro demais, mas, será mesmo? Não, não é. Apenas aqueles que professam representá-lo, mas, com efeito, representam-no mal, são caros demais. Por um lado, em parte alguma das Escrituras se pede aos governos mundanos que sirvam qual coletoria para a congregação cristã. Não só isso, mas, seja qual for a parte que examinemos por todo o “Novo Testamento”, as Escrituras Gregas Cristãs, nada lemos a respeito de se passar a bandeja de coletas. Quando Jesus enviou seus doze apóstolos, ordenou-lhes explicitamente: “De graça recebestes, de graça dai.” — Mat. 10:8.
Que Deus não é caro demais é provado pelas modernas testemunhas cristãs de Jeová. Aderem de perto ao Cristianismo apostólico, e, assim, não constroem monumentais igrejas nem dispõem de clero assalariado. Desde o início, jamais passaram sacolas de coletas. Antes, confiam em que Jeová Deus ponha nos corações de seu povo o desejo de contribuírem para o progresso de seu propósito.
E que resultados têm obtido! Jeová Deus certamente tem abençoado seus empenhos. De 1928 a 1948, seus números quadruplicaram, e, de novo, nos seguintes vinte anos, de 1948 a 1968, seus números quadruplicaram praticamente. Tudo isto tem sido realizado de forma voluntária, alegre, fervorosa, por um grupo de pessoas que, longe de crerem que Deus é caro demais, sentem que o jugo de Cristo é suave e sua carga é realmente leve. — Mat. 11:28-30.

Esta Matéria Foi Retirada da Revista "Despertai"
Publicada Pelas Testemunhas de Jeová

E adaptada por
Pedro Ribeiro

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