O "Forte de Milreu" ergue-se de forma destacada junto à orla marítima, sobre uma pequena enseada localizada a Norte da Ericeira, acompanhando o desnível observado no terreno.
O Forte foi inaugurado em 1675, cinco anos após o início das obras e a inspecção efectuada pelo marechal de campo, Marquês de Fronteira. Passados outros cinco anos, o edifício já se encontrava devidamente apetrechado e gerido por um governador, a quem sucedeu, já em 1706, Francisco de Almeida Carvalho e José de Mendonça, este último em 1735, altura em que o edifício já possuía sete peças de artilharia. Não obstante, volvidos que estavam somente dezasseis anos sobre esta data, o Forte já se apresentava bastante arruinado, em grande parte devido às fortes intempéries que se abateram violentamente sobre a região nesse ano de 1751. Procedeu-se, então, à reconstrução de alguns elementos estruturais, cuja estabilidade foi seriamente agravada pelo terramoto de 1755, razão pela qual se decidiu desmantelá-lo no início do século XIX, até que, entre 1831 e 1832, foi reparado a fim de retomar a sua primitiva funcionalidade, designadamente por parte das tropas miguelistas, em pleno conflito liberal. Entretanto, em meados de oitocentos, o forte foi votado de novo ao abandono, o que terá, de algum modo, suscitado o requerimento endereçado em 1871 ao Ministro da Guerra, no sentido de ser permitida a utilização de algumas das suas lajes no restauro e construção dos anexos da igreja de São Pedro da Ericeira, o que foi prontamente anuído, enquanto, na década de oitenta, se retirou a artilharia remanescente.
O longo processo de abandono a que foi sujeito a partir desta altura ocasionou a sua célere degradação, até que, na década de noventa, a Guarda Fiscal se instalou no Forte e na antiga residência do governador, reutilizada até então como instituição pedagógica do sexo feminino. Não obstante, parte significativa da muralha do Forte acabou por desabar ainda em 1896, o que, de alguma maneira, estipulou o seu abandono definitivo, somente ultrapassado em 1940 com a edificação da muralha subjacente, embora numa situação em que era oficialmente destituído da sua função militar, passando a ser tutelado pelo Ministério das Finanças. E apesar dos projectos desenvolvidos em 1945 pela Junta de Turismo da Ericeira, os quais, entre outros aspectos, contemplavam a adaptação do edifício a miradouro, a instalação de uma casa de chá e o estabelecimento de uma pousada (projectada pelo Arq. António Pinto de Freitas), o Forte foi objecto de conservação apenas na década de oitenta, quando a DGEMN procedeu à reconstrução da muralha e do pavimento do terraço.
De planta rectangular, cobertura em terraço e frontispício com portal de arco plano, este exemplar da arquitectura militar maneirista apresenta-se constituído por uma bateria com canhoneiras (ou bombardeiras) e duas guaritas cilíndricas com cobertura cónica, evidenciando um corpo de configuração paralelepipédica.
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