O distúrbio alimentar conhecido como bulimia nervosa caracteriza-se pelo excesso de alimentação (ingestão rápida de grandes quantidades de comida, talvez 5.000 calorias ou mais) seguida de purgação (esvaziamento do estômago, muitas vezes por vômito induzido ou uso de laxantes).
Em contraste com a anorexia, a bulimia não é fácil de ser detectada. O paciente talvez não seja muito magro, e seus hábitos alimentares podem parecer um tanto normais — pelo menos para os outros. Mas para o bulímico, a vida é tudo menos normal. De fato, ele é tão obcecado por comida que nada mais importa. “Quanto mais eu comia e vomitava, menos eu me preocupava com outras coisas ou outras pessoas”, diz Melinda, de 16 anos. “Eu realmente não sabia mais o que era me divertir com meus amigos.”
Geneen Roth, escritora e mestra no campo de distúrbios alimentares, descreve a comilança como “frenesi de trinta minutos, um mergulho no inferno”. Ela diz que durante a comilança “nada importa — nem amigos, nem família . . . Nada importa a não ser a comida”. Uma paciente de 17 anos, chamada Lydia, descreve a sua situação com uma analogia bastante expressiva. “Eu me sinto como um triturador de lixo”, diz ela. “Empurre para dentro, triture e vomite. Sempre a mesma coisa.”
O bulímico tenta desesperadamente evitar ganhar peso que normalmente resulta de comer demais. Assim, logo depois do acesso de comilança, ele induz o vômito ou toma laxantes para eliminar a comida antes que esta se transforme em gordura corporal. Embora a simples idéia disso possa parecer repulsiva, o bulímico experiente não pensa assim. “Quanto mais a pessoa come e purga, tanto mais fácil fica para ela”, explica a assistente social Nancy Kolodny. “Seus sentimentos iniciais de repulsa, ou mesmo de medo, são logo substituídos pela compulsão de repetir esses procedimentos bulímicos.”
A bulimia é extremamente perigosa. Por exemplo, repetidas purgações por vômito expõem a boca a corrosivos ácidos estomacais, que podem causar erosão do esmalte dentário do bulímico. Essa prática pode também prejudicar o esôfago, o fígado, os pulmões e o coração da vítima. Em casos extremos, os vômitos podem causar ruptura estomacal e até mesmo a morte. O uso excessivo de laxantes também pode ser perigoso. Pode destruir a função intestinal e também resultar em diarréia contínua e hemorragia retal. Como no caso de repetidos vômitos, o abuso de laxantes pode, em situações extremas, levar à morte.
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