terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Quando a comida é sua inimiga

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Refletindo sobre sua adolescência, Jean lembra-se muito bem de ter sofrido caçoadas e zombarias. A razão? Ela era a moça mais alta e encorpada da classe. Mas isso não era tudo. “Pior do que ser encorpada, eu era acanhada e insegura”, diz Jean. “Ficava muitas vezes sozinha, queria enquadrar-me em algum lugar, mas quase sempre me sentia deslocada.”
Jean tinha certeza de que seu tamanho era a causa de seus problemas e que uma silhueta magra e esbelta resolveria tudo. Mas ela não era obesa. Ao contrário, com 1,83 metro de altura e 66 quilos, ela não estava fora do normal. Mas Jean achava-se gorda e, aos 23 anos, decidiu perder peso. ‘Quando eu for esbelta’, imaginava, ‘os outros vão querer minha companhia. Enfim, vou-me sentir aceita e especial’.
“Esse tipo de lógica tola resultou numa armadilha de doze anos chamada anorexia nervosa e bulimia”, Jean explica. “Fiquei magra, sim, tão magra que quase morri, mas, em vez de construir uma vida feliz, arruinei a minha saúde e produzi mais de uma década de depressão e sofrimento.”
JEAN não é a única. Segundo certa estimativa, 1 em cada 100 mulheres americanas desenvolve anorexia nervosa quando adolescente ou jovem adulta, e talvez três vezes mais do que isso são bulímicas. “Trabalho há anos em escolas e em campi universitários”, diz a Dra. Mary Pipher, “e vejo em primeira mão que os distúrbios alimentares grassam como sempre”.
Esses distúrbios são também diversificados. Outrora tidos como problema de gente rica, são agora considerados comuns em todos os segmentos raciais, sociais e econômicos. Até mesmo o número de vítimas masculinas aumenta, o que levou a revista Newsweek a chamar os distúrbios alimentares de “espoliadores não-discriminatórios”.
Mas, especialmente alarmante é que a média de idade dos que são tratados por distúrbios alimentares parece estar diminuindo. “Meninas abaixo de 10 anos, até mesmo com 6, estão sendo internadas para tratamento”, diz Margaret Beck, diretora-interina de uma clínica de distúrbios alimentares em Toronto, Canadá. “O número ainda é pequeno”, acrescenta, “mas é crescente”.
Em suma, os distúrbios alimentares atingem milhões de pessoas — especialmente mocinhas e mulheres jovens. “Elas não encaram os alimentos ou os usam da maneira como a maioria das pessoas o faz”, observa a assistente social Nancy Kolodny. “Em vez de comerem quando têm fome, comerem para se nutrir e ter boa saúde, comerem por prazer ou para desfrutar da companhia de outros, elas entram numa relação bizarra com os alimentos e fazem coisas não consideradas ‘normais’ — como inventar rituais estranhos antes de se permitirem comer algo, ou ter de expulsar imediatamente de seu corpo os alimentos ingeridos.”
Examinemos de perto dois tipos comuns de distúrbio alimentar: anorexia nervosa e bulimia nervosa.

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