quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

The Men - Os homens que odeiam quase tudo, mas com estilo

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Um dos discos mais caóticos do ano passado foi editado por este quarteto de Brooklyn. “Leave Home” está hoje ao vivo no palco da ZDB, em Lisboa.

“Leave Home”, o álbum editado pelos The Men o ano passado, é um estaladão com a mão suja e a pele seca de um rufia descontrolado. É uma fuga de óleo na pior descida do IP5, tudo destravado e sem volta a dar. E ainda assim não há como não gostar da experiência. A distorção das guitarras eléctricas foi autorizada a viver porque se descobriu certamente que tem um efeito a atirar para o hipnótico junto do ouvido humano. Os The Men gozam connosco ao fazer uso deste superpoder controlando-o à sua maneira. O resultado, em disco, é uma batalha punk, uns Stooges sem medo de passar dos três minutos, ou os Black Rebel Motorcycle Club a seguir um metrónomo sob anfetaminas. E ao vivo? “É um circo. Como os discos, mas com muito menos regras.” Rich Samis, o baterista, diz-nos que a proeza é possível.
Fica-lhe bem o arrojo – e o fora-da-lei bem que o sabe. Vai por aí fora e continua a prometer maravilhas para a noite de hoje: “Estou muito curioso por tocar na ZDB, ouvimos coisas fantásticas sobre a sala. Se bem que um dia um homem sábio tenha dito ‘nunca acredites no hype’.” Ao entrevistado dizemos que pode contar com tudo o que ouviu. “Acredito, claro que sim, mas isto das ondas...” Mark Perro, o vocalista e guitarrista desta bagunça, faz-se à conversa e esclarece: “Aqui não há cena de Brooklyn nem chill wave nem nada. Não estamos a tentar criar uma boa desculpa para um artigo do ‘Village Voice’. Connosco nunca vai haver um cenário maior, é só isto.”
E isto, este rock’n’roll que nunca teve estribeiras, também pode mudar de um momento para o outro. Os The Men editam um novo álbum, “Open Your Heart”, a 6 de Março, e a canção que lhe dá título é a coisa mais meiga que esta gente fez até ao momento. “Não podes fazer a mesma coisa duas vezes”, diz Mark. “Até podes, mas não queiras, vais acabar mal, acredita.” Já o sabíamos mas não estávamos à espera que este quarteto se deixasse domesticar tão cedo. Mark quer dar-nos os seus porquês “de forma bonita, para um jornal”. Primeiro deu nisto: “Estamos a caminhar por novas avenidas.” Depois resultou em algo mais digerível: “Em ‘Leave Home’ acontece tudo ao mesmo tempo e muito alto. Quando ouvimos o disco, um ano depois de ter saído, pensámos: ‘Temos de mudar qualquer coisa, temos que usar os travões, caso contrário nunca mais paramos.’”
Feitas as contas, “Leave Home” motivou os arruaceiros que o fizeram para procurar outras formas – mais discretas, vá – de não cumprir as regras; do lado de cá continua a ser o melhor motivo para querer vê-los, para perceber se aquilo que se ouve existe tal qual e não é brincadeira de estúdio. “É barulho e distorção e o inferno a explodir em toda a parte, não é?” É. E então? “Só para ficar avisado que não há volta a dar. Até temos andado mais numa de rock dos anos 70, Neil Young, Dylan, power pop, hard rock, mas não é nada disso que vai acontecer.”

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