sábado, 17 de dezembro de 2011

As fascinantes cronicas de Josefo

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Estudantes de História há muito que meditam  nos fascinantes escritos de Josefo. Tendo nascido apenas quatro anos após a morte de Cristo, foi testemunha ocular do cumprimento assustador da profecia de Jesus sobre a nação judaica do primeiro século. Josefo foi comandante militar, diplomata, fariseu e erudito.
Os escritos de Josefo estão repletos de cativantes detalhes. Estes esclarecem o cânon da Bíblia, fornecendo ao mesmo tempo um guia literário da topografia e da geografia da Palestina. Não é de admirar que muitos considerem as obras dele uma valiosa adição à sua biblioteca!



O início de sua vida

José ben Matias, ou Josefo, nasceu em 37 EC, o primeiro ano do reinado do imperador romano Calígula. O pai de Josefo pertencia a uma família sacerdotal. Sua mãe, segundo ele, era descendente do sumo sacerdote asmoneu Jonatã.

Durante a adolescência, Josefo foi um ávido estudante da Lei mosaica. Analisou cuidadosamente três seitas do judaísmo — os fariseus, os saduceus e os Essénios. Favorecendo estes últimos, decidiu morar durante três anos com um eremita do deserto chamado Bannus, provavelmente um essênio. Josefo abandonou isso aos 19 anos, retornou a Jerusalém e aderiu aos fariseus.

Ida a Roma e a volta

Josefo viajou a Roma em 64 EC, a fim de interceder a favor de sacerdotes judeus que haviam sido enviados para lá pelo procurador da Judéia, Félix, para serem julgados pelo Imperador Nero. Josefo sofreu naufrágio durante a viagem, e por pouco não morreu. Apenas 80 dos 600 passageiros do navio foram resgatados.
Durante a visita de Josefo a Roma, um actor judeu apresentou-o à esposa de Nero, a imperatriz Popéia. Esta desempenhou um importante papel no êxito de sua missão. O esplendor da cidade causou uma impressão duradoura em Josefo.

Quando Josefo retornou à Judéia, a ideia de revolta contra Roma estava firmemente arreigada na mente dos judeus. Ele tentou convencer seus compatriotas da futilidade de guerrear contra Roma. Incapaz de detê-los, e provavelmente temendo ser considerado um traidor, aceitou ser nomeado comandante das tropas judaicas na Galileia. Josefo reuniu e treinou seus homens e conseguiu provisões em preparação para batalhar contra as forças de Roma — mas tudo em vão. A Galileia foi derrotada pelo exército de Vespasiano. Após um sítio de 47 dias, a fortaleza de Josefo em Jotapata foi subjugada.

Ao se render, Josefo sagazmente predisse que Vespasiano em breve se tornaria imperador. Preso, porém poupado da punição por causa dessa predição, Josefo foi libertado quando esta se concretizou. Esse foi um momento decisivo em sua vida. Durante o restante da guerra, ele serviu aos romanos como intérprete e mediador. Em símbolo do patronato de Vespasiano e de seus filhos Tito e Domiciano, Josefo acrescentou o patronímico Flávio ao seu próprio nome.

As obras de Flávio Josefo
O mais antigo dos escritos de Josefo intitula-se A Guerra Judaica. Crê-se que ele preparou essa narrativa de sete volumes para apresentar aos judeus uma descrição vivida da força superior de Roma e dissuadir futuras revoltas. Esses escritos entram em pormenores sobre a história dos judeus, desde a captura de Jerusalém, por Antíoco Epifânio (no segundo século AEC), até a luta turbulenta de 67 EC. Qual testemunha ocular, Josefo discorre então sobre a guerra que culmina em 73 EC.

Outra das obras de Josefo foi Antiguidades Judaicas, uma história de 20 volumes sobre os judeus. Começando com Génesis e a criação, prossegue até o irrompimento da guerra com Roma. Josefo segue de perto a ordem da narrativa bíblica, acrescentando interpretações tradicionais e observações externas.
Josefo escreveu uma narrativa pessoal intitulada simplesmente Vida. Nela ele procura justificar sua posição durante a guerra e tenta suavizar as acusações levantadas contra ele por Justo, de Tiberíades. Numa quarta obra — uma apologia de dois volumes intitulada Contra Apião — ele defende os judeus de distorções dos fatos.

Perspicácia da Palavra de Deus

Não há dúvida de que grande parte da história contada por Josefo é exacta. Em sua obra intitulada Contra Apião, ele mostra que os judeus nunca incluíram os livros apócrifos como parte das Escrituras inspiradas. Ele confirma a exactidão e a harmonia interna dos escritos divinos. Josefo diz: “Nós não temos uma inumerável multidão de livros entre nós, divergindo e contradizendo uns aos outros, . . . mas apenas vinte e dois livros [o equivalente à nossa moderna divisão das Escrituras em 39 livros], os quais contêm os registos de todo o passado; que se crê correctamente serem divinos.”

Em Antiguidades Judaicas, Josefo acrescenta detalhes interessantes ao relato da Bíblia. Diz que “Isaque tinha vinte e cinco anos” quando Abraão amarrou suas mãos e seus pés para o oferecer em sacrifício. Segundo Josefo, depois de ajudar a construir o altar, Isaque disse que “‘não seria digno nem de ter nascido, se rejeitasse a determinação de Deus e de seu pai’ . . . Assim, dirigiu-se imediatamente ao altar para ser sacrificado”.

Ao relato bíblico da saída de Israel do antigo Egito, Josefo acrescenta os seguintes pormenores: “O número dos que os perseguiram foi seiscentos carros, com cinquenta mil cavaleiros, e duzentos mil homens a pé, todos armados.” Josefo diz também que “quando Samuel tinha doze anos, começou a profetizar: e certa vez, enquanto dormia, Deus o chamou pelo nome”. — Compare com 1 Samuel 3:2-21.

Outros escritos de Josefo fornecem entendimento sobre impostos, leis e eventos. Ele chama de Salomé a mulher que dançou na festa de Herodes e que pediu a cabeça de João, o Batizador. (Marcos 6:17-26) A maior parte do que sabemos sobre os Herodes foi registrada por Josefo

A grande revolta anti-romana
Apenas 33 anos depois de Jesus enunciar a profecia sobre Jerusalém e seu templo, teve início seu cumprimento. Facções judaicas radicais em Jerusalém estavam decididas a livrar-se do jugo romano. Em 66 EC, notícias a respeito disso levaram à mobilização e ao envio de legiões romanas sob o comando do governador sírio Céstio Galo. Sua missão era sufocar a rebelião e punir os infractores. Depois de causarem destruição nos subúrbios de Jerusalém, os homens de Céstio acamparam em volta da cidade murada. Utilizando-se dum método chamado testudo, os romanos uniram seus escudos de forma parecida ao casco duma tartaruga para se protegerem do inimigo. Atestando o êxito desse método, Josefo declara: “Os dardos atirados caíam, e resvalavam sem causar-lhes dano; assim, os soldados minaram a muralha, sem serem feridos, e prepararam tudo para incendiar o portão do templo.”

“Aconteceu então”, diz Josefo, “que Céstio . . . recolheu seus soldados do lugar . . . Retirou-se da cidade, sem qualquer motivo aparente”. Evidentemente sem nenhuma intenção de magnificar o Filho de Deus, Josefo registrou justamente o ato que os cristãos em Jerusalém haviam aguardado. Foi o cumprimento da profecia de Jesus Cristo! Anos antes, o Filho de Deus advertira: “Quando virdes Jerusalém cercada por exércitos acampados, então sabei que se tem aproximado a desolação dela. Então, comecem a fugir para os montes os que estiverem na Judéia, e retirem-se os que estiverem no meio dela, e não entrem nela os que estiverem nos campos; porque estes são dias para se executar a justiça, para que se cumpram todas as coisas escritas.” (Lucas 21:20-22) Seguindo as instruções de Jesus, seus fiéis seguidores fugiram rapidamente da cidade, ficaram longe, e foram poupados da agonia que mais tarde sobreveio a ela.

Quando os exércitos romanos retornaram em 70 EC, as consequências foram registradas em vívidos pormenores por Josefo. O general Tito, filho mais velho de Vespasiano, veio para conquistar Jerusalém e seu suntuoso templo. Dentro da cidade, facções rivais tentavam assumir o controle. Recorriam a medidas extremistas, e muito sangue foi derramado. Alguns “encontravam-se tão angustiados devido às calamidades internas, que desejavam a invasão dos romanos”, esperando “livramento de suas aflições internas”, diz Josefo. Ele chama os rebeldes de “ladrões” empenhados em destruir a propriedade dos ricos e em assassinar homens importantes — aqueles suspeitos de estarem dispostos a fazer um acordo com os romanos.

Em meio à guerra civil, as condições de vida em Jerusalém desceram a profundezas inimagináveis, e os mortos nem eram enterrados. Os próprios sediciosos “lutavam uns contra os outros, enquanto pisoteavam corpos mortos que jaziam empilhados uns sobre os outros”. Saqueavam o povo, matando por causa de alimentos e de riquezas. Os clamores dos aflitos eram contínuos.

Tito exortou os judeus a entregarem a cidade e assim se salvarem. “Enviou Josefo para falar-lhes em seu próprio idioma; pois imaginava que iriam ceder à persuasão dum compatriota seu.” Mas eles censuraram Josefo. A seguir, Tito construiu uma barreira de estacas pontiagudas ao redor de toda a cidade. (Lucas 19:43) Destituídos de qualquer esperança de escapar e imobilizados, a fome “devorou o povo, dizimando casas e famílias inteiras”. A batalha contínua aumentou o número de mortos. Tito conquistou Jerusalém, cumprindo profecias bíblicas sem o saber. Observando depois as muralhas maciças e as torres fortificadas, ele exclamou: “Não foi senão Deus quem expulsou os judeus destas fortificações.” Mais de um milhão de judeus pereceram. — Lucas 21:5, 6, 23, 24.

Após a guerra
Após a guerra, Josefo foi para Roma. Sob o patrocínio dos Flávios, viveu como cidadão romano na outrora mansão de Vespasiano, e recebeu uma pensão imperial junto com presentes de Tito. Josefo seguiu então uma carreira literária.
É interessante notar que foi evidentemente Josefo quem cunhou o termo “Teocracia”. Referente à nação judaica, ele escreveu: “Nosso governo . . . pode ser denominado uma Teocracia, por se atribuir a autoridade e o poder a Deus.”
Josefo nunca afirmou ser cristão. Ele não escreveu inspirado por Deus. Todavia, encontramos um esclarecedor valor histórico nas fascinantes crónicas de Josefo.

Adaptado Por:

Pedro Ribeiro

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