sábado, 17 de dezembro de 2011

Roma Antiga

0

A outrora pequena cidade do Lácio, que se tornou a sede do governo do maior império mundial dos antigos tempos bíblicos, actualmente é a capital da Itália. Roma está afastada da costa, em ambas as margens do rio Tibre, a uns 25 km da foz, aproximadamente no meio do lado Oeste da península itálica.
Exactamente quando e por quem Roma foi fundada acha-se envolto em lenda e mitologia. A tradição diz que foi em 753 AEC, por um certo Rómulo, seu primeiro rei, mas há túmulos e outras evidências que indicam que ela já era habitada numa época muito anterior a essa.

Os primeiros povoados conhecidos foram construídos em sete colinas ao Leste do rio Tibre. De acordo com a tradição, o monte Palatino foi o local do mais antigo povoado. As outras seis colinas situadas em torno do Palatino (começando no Norte e seguindo o sentido horário) eram o Quirinal, o Viminal, o Esquilino, o Célio, o Aventino e o Capitólio. Com o tempo, os vales pantanosos entre as colinas foram drenados, e nestas áreas valiosas foram construídas moradias, foros e circos. Segundo Plínio, o Velho, em 73 EC as muralhas que cercavam a cidade tinham uns 21 km de comprimento. Com o tempo, as colinas e os vales do lado O do Tibre foram anexados, incluindo os mais de 40 ha ocupados atualmente pelo Vaticano. Antes do grande incêndio do tempo de Nero, segundo cálculos conservadores, a população da cidade somava bem mais de um milhão de habitantes.


A Imagem Política de Roma

Ao longo dos séculos, Roma experimentou muitos tipos de governo político. Certas instituições foram adaptações de outras nações; algumas foram inovações de sua própria iniciativa. Em seu livro Pocket History of the World (História Mundial de Bolso), H. G. Wells comentou: “Esta nova potência romana, que surgiu para dominar o mundo ocidental no segundo e no primeiro séculos a.C., era em vários sentidos diferente de qualquer dos grandes impérios que até então haviam prevalecido no mundo civilizado.” (1943, p. 149) O carácter político de Roma mudava à medida que vários estilos de governo surgiam e desapareciam. Estes incluíam coalizões de chefes patriarcais, reinados, governos concentrados nas mãos de umas poucas famílias de nobre estirpe, ditaduras e diferentes formas de governo republicano, nas quais o poder conferido a senadores, a cônsules e a triunviratos (coalizões governamentais constituídas de três homens) variava, havendo disputas típicas de partidos entre classes e facções. Nos anos posteriores do império, houve uma série de imperadores. Como é comum ocorrer com governos humanos, a história política de Roma foi matizada de ódio, ciúme, intrigas e assassínios, com muitas conspirações e contra conspirações geradas por fricções internas e guerras externas.

O domínio do mundo por Roma aconteceu gradualmente. Primeiro, sua influência disseminou-se pela inteira península itálica e, com o tempo, ao redor do Mediterrâneo e bem mais além. O nome da cidade tornou-se praticamente um sinonimo do nome do império.
Nos assuntos internacionais, Roma atingiu o zênite de sua glória sob os Césares. Júlio César, nomeado ditador por dez anos, em 46 AEC, mas assassinado por conspiradores em 44 AEC, encabeçou esta lista. Depois de um intervalo, em que um triunvirato tentou segurar as rédeas do poder, Octaviano por fim se tornou governante único do Império Romano (31 AEC-14 EC). Em 27 AEC, ele teve êxito em tornar-se imperador, fazendo-se proclamar “Augusto”. Foi durante o governo de Augusto que Jesus nasceu, em 2 AEC.  O sucessor de Augusto, Tibério (14-37 EC), governava durante o ministério de Jesus.  Em seguida vieram Caio (Calígula) (37-41 EC) e Cláudio (41-54 EC), este último tendo expedido um decreto que expulsava de Roma os judeus. Seguiu-se o governo de Nero (54-68 EC), e foi perante ele que Paulo interpôs seu recurso.

Os imperadores romanos na ordem de sucessão depois de Nero (no decorrer do primeiro século) foram Galba (68-69 EC); Otão e Vitélio (69 EC); Vespasiano (69-79 EC), em cujo reinado Jerusalém foi destruída; Tito (79-81 EC), que dirigira anteriormente o ataque bem-sucedido contra Jerusalém; Domiciano (81-96 EC), em cujo governo, segundo a tradição, João foi exilado para a ilha penal de Patmos; Nerva (96-98 EC); e Trajano (98-117 EC). Foi sob Trajano que as fronteiras do império atingiram seus mais amplos limites, estendendo-se então para longe em todas as direcções — para o Reno e o mar do Norte, o Danúbio, o Eufrates, as cataratas do Nilo, o grande deserto da África e o Atlântico, ao Oeste.

Nos anos de decadência do Império Romano, Constantino, o Grande, foi o imperador (306-337 EC). Depois de apoderar-se do controle, transferiu a capital para Bizâncio (Constantinopla). No século seguinte, Roma caiu, em 476 EC, e o comandante alemão, Odoacro, tornou-se seu primeiro rei “bárbaro”.

A Vida e as Condições na Cidade

A administração do governo municipal dividia-se em 14 distritos sob o Augusto, com um magistrado que anualmente era escolhido por sorte, para governar cada distrito. Havia sete brigadas organizadas, de combate a incêndios, chamadas vigiles, cada uma responsável por dois distritos. Logo fora dos limites noroeste da cidade ficava aquartelada uma força especial de cerca de 10.000 homens, conhecida como Guarda Pretoriana, ou Imperial, para a protecção do imperador. Havia também três “coortes urbanas”, uma espécie de força policial municipal, para manter a lei e a ordem em Roma.


Foi nestas áreas pobres que o histórico incêndio de 64 EC causou o maior sofrimento e a maior perda de vidas. Tácito descreve o sofrimento que isso causou, “os alaridos das mulheres assustadas, os muitos velhos e crianças, e a imensa gente, que corria”. (Anais, XV, XXXVIII, Clássicos Jackson, Vol. XXV) Só foram poupados 4 dos 14 distritos de Roma.

Pouquíssimas pessoas em Roma podiam ser consideradas da classe média; a riqueza estava nas mãos duma pequena minoria. Quando Paulo chegou pela primeira vez a Roma, talvez a metade da população fosse composta de escravos, levados para lá como prisioneiros de guerra, como criminosos condenados ou como filhos vendidos pelos pais, escravos sem nenhum direito legal. A maior parte da metade livre da população era constituída de indigentes, que praticamente viviam à custa de subsídios governamentais.
Duas coisas — alimentos e diversão — eram fornecidas pelo Estado, a fim de impedir que essas pessoas pobres se revoltassem, daí a frase satírica, panem et circenses (pão e circo), que inferia que isto era tudo o que se precisava para satisfazer os pobres de Roma. A partir de 58 AEC, geralmente se distribuía cereal de graça, bem como água, trazida para a cidade de muitos quilómetros de distância através de aquedutos. O vinho era um item barato. Para o usufruto dos que tinham inclinação para isso, achavam-se disponíveis bibliotecas. Para o divertimento da população em geral havia banhos públicos e ginásios, bem como teatros e circos. As representações teatrais consistiam em peças, danças e pantominas, tanto gregas como romanas. Nos grandes anfiteatros e circos realizavam-se jogos excitantes, principalmente espetaculares corridas de bigas e desesperadas lutas de gladiadores, em que homens e animais lutavam até a morte. O Circo Máximo podia comportar mais de 150.000 pessoas. Era gratuita a entrada para os jogos.
O elevado custo desses gastos governamentais não era assumido pela população de Roma, uma vez que, depois da conquista da Macedónia, em 167 AEC, os cidadãos romanos ficaram isentos de impostos. Em vez disso, as províncias eram pesadamente oneradas, tanto de modo directo como indirecto.

Influência Estrangeira

De muitas formas, Roma se mostrou um grande cadinho de raças, línguas, culturas e ideias. Da forja da política romana, gradualmente emergiu o código da lei romana — leis que definiam os direitos e as limitações dos governos, dos tribunais e dos magistrados, e que forneciam instrumentos legais, tais como a cidadania, para a protecção dos direitos humanos.  A cidadania foi estendida às cidades confederadas de Roma e a várias colónias do império. Proporcionava muitas vantagens.  Se não fosse obtida de nascença, podia ser comprada.  Desta e de outras formas, Roma procurou romanizar os territórios por ela conquistados, fortalecendo assim sua posição como senhora do império.
Um dos melhores exemplos da influência externa em Roma encontra-se em suas ruínas das glórias arquitetônicas de outrora. Em todo lugar, o visitante dessa cidade-museu constata que ela tomou emprestado dos gregos e de outros. O chamado arco romano, usado com grande proveito, não foi sua própria descoberta de engenharia. Os sucessos de Roma como construtora deveram-se também em grande medida ao uso duma forma primitiva de concreto como argamassa e principal ingrediente para a fabricação de pedras artificiais.

O programa de construção de Roma começou a sério no último século da república e depois disto recebeu ímpeto especial dos imperadores. Augusto disse que encontrara Roma como uma cidade de tijolos, mas que a deixava como cidade de mármore. De modo geral, o mármore era uma camada superficial sobre estruturas de tijolo ou de concreto. A cidade foi reconstruída pela segunda vez, depois da conflagração de 64 EC. Entre as mais notáveis estruturas romanas achavam-se os fóruns, os templos, os palácios, os anfiteatros, os banhos, os aquedutos, os esgotos e os monumentos. O grande Coliseu e alguns monumentos, como o Arco de Tito, que retrata a queda de Jerusalém, ainda existem ou estão parcialmente em pé.  Os romanos também fizeram nome como construtores de estradas e de pontes em todo o império.

Houve tão grande influxo de estrangeiros, que os romanos se queixavam de que Roma já não era romana. Sendo atraídos de todos os quadrantes do império, traziam consigo suas profissões, costumes, tradições e religiões. Embora o latim fosse a língua oficial, a língua internacional era o grego comum. É por isso que o apóstolo Paulo escreveu sua carta aos romanos em grego. A influência grega exerceu impacto também na literatura e nos métodos de educação. Os rapazes, e às vezes as moças, eram formalmente educados segundo o sistema ateniense, sendo instruídos em literatura e oratória gregas, e os filhos homens dos que podiam dar-se a este luxo eram enviados para uma das escolas de filosofia em Atenas.

Religião

Roma também se tornou o vazadouro de toda forma de adoração falsa. Como o descreveu o historiador John Lord: “A superstição atingia o ápice em Roma, pois ali se via os sacerdotes e os devotos de todos os países que ela governava — ‘as morenas filhas de Ísis, com tambores, pandeiros e semblante devasso; devotos do Mitra persa; asiáticos emasculados; sacerdotes de Cibele, com suas danças loucas e gritos discordantes; adoradores da grande deusa Diana; cativos bárbaros com os ritos dos sacerdotes teutões; sírios, judeus, astrólogos caldeus, e feiticeiros da Tessália.’” — Beacon Lights of History, (Luminares da História), 1912, Vol. III, pp. 366, 367.

A devoção a tais religiões, e o entregar-se às suas desenfreadas orgias sexuais, abriram a porta para que os romanos, tanto de baixa como de alta categoria, relegassem por inteiro a virtude moral e a justiça. Segundo Tácito, entre os dessa última categoria, Messalina, a esposa adúltera e assassina do imperador Cláudio, é um exemplo. — Anais, XI, I-XXXIV.
Entre as religiões de Roma, destacava-se a adoração do imperador. O governante romano era deificado. A adoração do imperador era reconhecida especialmente nas províncias, onde se construíam templos em que as pessoas ofereciam sacrifícios a ele como se fosse um deus.  Em A History of Rome (História de Roma), George Botsford diz: “A adoração do imperador havia de ser a força mais vital da religião do mundo romano, até a adopção do cristianismo.” Uma inscrição encontrada na Ásia Menor diz a respeito do imperador: “Ele é o paternal Zeus e o salvador da inteira raça humana, quem responde a todas as orações, até mesmo mais do que pedimos. Pois a terra e o mar usufruem a paz; as cidades florescem; em toda a parte existe harmonia, e prosperidade, e felicidade.” Este culto resultou ser um dos principais instrumentos da perseguição aos cristãos, a respeito dos quais este escritor diz: “Sua recusa de adorar o Genius, ou espírito-guardião, do imperador, era naturalmente interpretada como impiedade e traição.” — 1905, pp. 214, 215, 263.

O Cristianismo Chega a Roma

No dia de Pentecostes de 33 EC, havia “residentes temporários de Roma, tanto judeus como prosélitos”, presentes para testemunhar os resultados do derramamento do espírito santo, e alguns deles, sem dúvida, achavam-se entre os 3.000 baptizados naquela ocasião. (At 2:1, 10, 41) Ao voltarem a Roma, sem dúvida pregaram, o que resultou na formação de uma congregação cristã muito forte e activa, cuja fé o apóstolo Paulo mencionou como algo de ‘que se falava em todo o mundo’. (Ro 1:7, 8) Tanto Tácito (Anais, XV, XLIV) como Suetônio (The Lives of the Caesars [A Vida dos Césares], Nero, XVI, 2) mencionaram os cristãos em Roma.

Paulo escreveu à congregação cristã em Roma por volta de 56 EC, e uns três anos mais tarde chegou a Roma como prisioneiro. Embora tivesse nutrido desejos de os visitar ali mais cedo e em circunstâncias diferentes , ele conseguiu, mesmo sendo prisioneiro, dar testemunho cabal, providenciando que as pessoas fossem a sua casa. Durante dois anos, nessas condições, ele continuou “pregando-lhes o reino de Deus e ensinando com a maior franqueza no falar as coisas concernentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento”.  Até mesmo a Guarda Pretoriana do imperador ficou familiarizada com a mensagem do Reino.  Assim, como se predissera a seu respeito, Paulo ‘deu testemunho cabal até mesmo em Roma’.

Durante sua detenção de dois anos em Roma, Paulo achou tempo de escrever as cartas aos efésios, aos filipenses, aos colossenses e a Filêmon. Evidentemente foi por volta dessa mesma época que Marcos escreveu seu Evangelho em Roma. Pouco antes ou logo depois da libertação de Paulo, ele escreveu sua carta aos hebreus, por volta de 61 EC. (He 13:23, 24) Foi durante seu segundo encarceramento em Roma, por volta de 65 EC, que Onesíforo o visitou e que Paulo escreveu sua segunda carta a Timóteo.
Embora Paulo, Lucas, Marcos, Timóteo e outros cristãos do primeiro século visitassem Roma, não há evidência de que Pedro tenha alguma vez ido a Roma, como algumas tradições dizem que ocorreu. As histórias sobre o martírio de Pedro em Roma são estritamente tradicionais, sem nenhum respaldo histórico.

A cidade de Roma criou péssima reputação por perseguir os cristãos, em especial durante os reinados de Nero e de Domiciano. Essas perseguições foram atribuídas a duas causas: o grande zelo evangelizador dos cristãos para converter outros, e  a posição intransigente dos cristãos quanto a dar a Deus as coisas de Deus, em vez de dá-las a César.

Esta Matéria Foi Retirada do Livro "Estudo Perspicaz"
Publicado Pelas Testemunhas de Jeová

E adaptada por
Pedro Ribeiro

Partilhar

0 comentários:

Enviar um comentário

 
Design by ThemeShift | Bloggerized by Lasantha - Free Blogger Templates | Best Web Hosting
Loading